sábado, 3 de setembro de 2011

Acorda Coração!














ACORDA CORAÇÃO!

Vai, coração, sai dessa nostalgia
- não vês que assim machucas o meu peito?
Já não me deixas nem dormir direito,
nesse esperar insano, noite e dia!

Atrás dessa telinha há só o vazio
de um duro coração, frio, inclemente,
ao qual o teu sentir é indiferente,
e insistir nessa espera é um desvario.

Acorda! Ainda tens muito amor pra dar,
não o desperdices com quem não merece
- esse romance já é passado, esquece,
que a vida aí está, a te chamar!

Vai, coração, devolve-me a alegria,
quero cantar, feliz, minha poesia!

(Eloah Borda)






terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como Quisiera




















COMO QUISIERA…

Como quisiera, amor, poder decirte
que yo te quiero aún más que en el pasado,
que en ese tiempo nunca te he olvidado,
y cuanto te busqué sin encontrarte!

Como quisiera, amor, borrar el tiempo,
que puso hilos de plata en mis cabellos,
enrollarme en tus brazos, y entre ellos,
mirar tu rostro y te decir “Te amo”!

Pero lo sé, mi amor, todo ha cambiado,
tu “Diosa” se quedó en el pasado,
quizá tan solo viva en tus recuerdos…

Así, debo callarme, vida mía,
guardarte con cariño en mi poesía
y abrir el corazón solo en mis versos…

(Eloah Borda)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Eu Soneto II



















Eu Soneto II

Venham vanguardas, quantas forem, venham,
como as que já vieram no passado
- vieram e se foram, sem que tenham,
o brilho dos sonetos, ofuscado.

Essas vanguardas poéticas, convenham,
bem que tentaram me deixar de lado,
mas continuo firme aqui - se atenham:
“modismos” é que são ultrapassados;

e eu viverei enquanto houver poesia,
porque, em mim, há síntese e harmonia,
porque há um perfeito ritmo em meus versos,

que são sonoros, fluidos e tersos
- catorze trilhas de um versar de estetas,
trilhas que nascem n’alma dos poetas.


(Eloah Borda)

domingo, 13 de março de 2011

Paixões e Fugas
























PAIXÕES E FUGAS

“O tempo passa desfolhando as flores,
marcando a vida, desenhando as rugas,
e o mundo roda, confirmando amores,
nesse entrevero de paixões e fugas.

Sobem os sonhos que nas nuvens param,
fogem as ilusões tão perseguidas,
e as saudades daqueles que se amaram,
num recanto qualquer, são esquecidas...

No buscar incessante, passo a passo,
procuramos na terra e pelo espaço
recolher a sonhada fantasia...

Há quem gaste esse andar, inutilmente,
procurando bem longe o que, na frente,
pode feliz fazê-lo a cada dia...”


Antenor Peixoto de Castro
Escritor e poeta pelotense, membro da Academia Sul-Brasileira de Letras.
Membro do CLIPE – Centro Literário Pelotense.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mea Culpa




















MEA-CULPA

Quis dar contigo o derradeiro vôo,
perder-me no infinito dos teus braços
- ainda que efêmero esse vôo fosse,
e minhas asas em tua luz queimasse.

Contigo, quis viver meu “grand finale”
(nesta peça maluca que é a vida),
que inesquecível fosse, e em grande estilo,
do palco das paixões, a despedida.

Ah, como eu quis viver esse momento
de sonho, de prazer, de encantamento,
para guardá-lo na recordação!...

Mas, em mea-culpa, agora reconheço,
te superestimei, e pago o preço:
- não tinhas asas, luz nem coração...

(Eloah Borda)


Talvez goste de ver: Espaço Poesia e Poliantéia

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

DICAS SOBRE SONETOS - Eloah Borda

DICAS SOBRE SONETOS

Considerações iniciais
Quando se fala que para fazer sonetos é necessário conhecer suas regras básicas, que são a métrica e acentuação tônica corretas, isso não significa que o poeta tenha que escrever, como costumam dizer, “contando nos dedos” e pondo de lado sua inspiração. Quem gosta de sonetos, com certeza, não é por seus catorze versos dispostos em quatro estrofes, isso nada tem de especial, mas sim por seu ritmo, sua sonoridade, que acabamos por decorar assim como decoramos ritmos musicais - daí a importância de ler os mestres sonetistas. Mas os versos nem sempre vêm prontos à nossa mente - nas trilhas dos versos também acontecem pedras... São as quebras de ritmo que o poeta “sente” e que, se conhecer a teoria, terá mais “jogo de cintura” para sanar o problema, poderá logo encontrar a pedrinha e saber como tirá-la do caminho, ou seja, perceber a palavra destoante e trocá-la por um sinônimo, ou fazer uma inversão de termos para assim manter o ritmo. Coisa simples, natural, nada que se pareça com autocastração poética, apenas o esmero que se deve ter com qualquer tipo de criação artística. Uma outra idéia errada, e muito comum, é que o soneto foi modificado pelo advento da Semana de 1922. Não, os poetas modernistas não modificaram o soneto, não quebraram suas regras, apenas, em seu entusiástico desejo de liberdade , simplesmente o descartaram , deixaram-no de lado – sua forma fixa era restritiva, um “molde antigo”, inadequado para expressar as idéias, os sentimentos de um período em ebulição, marcado pela ruptura política e intelectual da sociedade brasileira com as estruturas consideradas envelhecidas.
Posteriormente, houve, sim, algumas tentativas de mudanças, como a inversão das estrofes, ou o estrambote, que não "pegou”, pois na verdade nada acrescentava, não tornava o soneto melhor, ao contrário.

A seguir, um pouco de teoria...

O soneto, como já está implícito no próprio nome (originado da palavra italiana “sonnetto”, que quer dizer pequeno som), é uma composição poética especial, que deve ter um ritmo e uma sonoridade também especiais, para que seja realmente um soneto, e para isso, há REGRAS:

1)A FORMA FIXA - como todos sabem, a mensagem deve ser transmitida em catorze versos, dispostos em 2 quartetos e 2 tercetos, ou, menos usuais, 3 quartetos e 1 dístico ou parelha - soneto inglês. Mas isso, por si só, pode até fazer um belo poema, mas não basta para fazer um soneto.

2) A MÉTRICA – Todos os 14 versos devem ter, exatamente, a mesma métrica, isto é, o mesmo número de silabas poéticas ou métricas, que são diferentes das sílabas gramaticais.

Fiz/mi/nha / a/do/les/cên/cia / ge/ne/ro/sa – 12 sílabas gramaticais.
Fiz/mi/nha a/ do/les/cên/cia / ge/ne/ro/sa – 10 sílabas métricas.
Conta até a última tônica (ro).

A sonoridade deve-se à correta colocação das sílabas tônicas (ou fortes) em cada verso. É isso que dá sonoridade, cadência, ao soneto. Quanto à sonoridade, os versos decassílabos (que são os mais usados em sonetos), por exemplo, classificam-se em três tipos: heróicos, sáficos e sáficos imperfeitos.

Decassílabo heróico - as tônicas são a 6ª e a 10ª sílaba:

E / da / mi/nha es/pe/ran/ça de / me/ni/no. (Hermes Fontes).

Decassílabo sáfico – as tônicas são: 4ª, 8ª e 10ª sílabas:

Em / c a/da / ver/so um / co/ra/ção / pul/san/do. (Cruz e Sousa).

Sáfico imperfeito – as tônicas são: 4ª e 10ª sílabas:

So/nhei / mi/la/gres / pa/ra a / meu / des/ti/no. (Hermes Fontes)

Menos comuns, mas bastante usados, são os dodecassílabos, cujas sílabas poéticas fortes (tônicas), são:

4ª, 8ª e 12ª, ou ainda a 6ª, 10ª e 12ª.

Alexandrinos - todo verso alexandrino é dodecassílabo, mas nem todo verso dodecassílabo é alexandrino.Para que um verso dodecassílabo seja alexandrino, deve ser composto de dois hemistíquios, ou seja dois versos hexassílabos (6 sílabas métricas) independentes sendo que o primeiro deverá ter sempre terminação aguda ou grave -jamais esdrúxula. Se for grave, deverá fazer elisão com a primeira sílaba do segundo hemistíquio(verso). Exemplificando fica melhor de entender:

Terminação aguda do primeiro verso

“Rumorando feliz, /entre a verde folhagem” – ( de O Riacho, by Eloah)

1º. hexassílabo - agudo: Rumorando feliz2º. ...............................entre a verde folhagem

Terminação grave:
“Mas nem tudo é beleza/ em sua longa viagem”, (O Riacho))

1°. Hexassílabo – grave: Mas nem tudo é beleza (última tônica: “le”)
2º. .............................em sua longa, viagem

sendo que há elisão entre a última silaba átona do primeiro hexassílabo com a primeira sílaba do segundo: be/le/za em/sua etc.

Pode usar-se ainda o dodecassílabo trímetro, ou seja, composto de 3 tetrassílabos (versos de 4 sílabas métricas), tendo nesse caso a acentuação tônica na 4ª, 8ª e 12ª, e não na 6ª e 12ª, porém são bem menos usados, talvez por serem mais difíceis e menos sonoros, e não são considerados alexandrinos autênticos.

(Parece complicado, mas com a prática, dá pra tirar de letra...)


Os decassílabos (heróicos e sáficos ), e também os dodecassílabos (incluindo alexandrinos) são os versos usados no sonetos propriamente ditos, os sonetos clássicos, e os mais bonitos.

Ainda existem algumas variações de ritmos nos versos decassílabos que são:

1) Martelo agalopado: acentuação tônica na 3ª , 6ª e 10ªsílaba (variação do heróico).

2) Gaita galega: acentuação tônica na 4ª, 7ª e 10ª sílaba (variação do sáfico), também chamado de verso provençal, e por alguns considerado uma variante capenga do decassílabo.

3) Pantâmero iâmbico: acentuação tônica na 2ª , 4ª, 6ª , 8ª e 10ª sílaba.

Mas como vêm, as tônicas fundamentais permanecem:

Ainda existem versos com número de sílabas superior a 12, são os versos bárbaros considerados não próprios para sonetos.

Também são menos usados, e menos agradáveis quanto ao ritmo os de:

Onze sílabas - hendecassílabos ou datílicos (com acentos na 2ª, 5ª, 8ª e 11ª).

Nove sílabas - eneassílabos ou jâmbicos (com acentos na 3ª, 6ª e 9ª.

RIMAS
Falta ainda falar no posicionamento das rimas nos quartetos:
entrelaçadas ou opostas:abba;
alternadas: abab;
emparelhadas:aabb;Os tercetos são mais flexíveis quanto à posição das rimas.

Essas são as rimas clássicas, e mais usadas, mas é possível se fazer um bom soneto em versos brancos (sem rimas), desde que sejam metricamente corretos, com as tônicas em seus devidos lugares – nesse caso, seu ritmo perfeito e sua sonoridade compensarão a falta das rimas.

Exemplo:

"Negro jardim onde violas soam
e o mal da vida em ecos se dispersa:
à toa uma canção envolve os ramos
como a estátua indecisa se reflete..." (Carlos Drummond de Andrade)

Resta dizer que num mesmo soneto podem ser usados decassílabos heróicos, sáficos.

SONETINHOS OU SONETILHOS

São sonetos compostos com versos menores de nove sílabas, mas que também obedecem a métrica (todos os versos com o mesmo número de sílabas) e acentuação tônica, sendo esta última desnecessária quando compostos por versos menores que de cinco sílabas - sempre que me refiro a sílabas, está implícito que são sílabas métricas ou poéticas.

Uma sílaba .......Monossílabo
Duas sílabas......Dissílabo
Três sílabas.......Trissílabo
Quatro sílabas...Tetrassílabo

Cinco sílabas.....Pentassílabo ou redondilha menor, (com acento na 2ª e 5ª sílaba).
Seis sílabas.......Hexassílabos (com acentos na 2ª e 6ªsílabas).
Sete sílabas.......Heptassílabos ou setissílabos, ou redondilha maior (com acentos na 3ª e 5ª)Oito sílabas......Octossílabos ou sáficos (com acentos na 4ª e 8ª).

Bem, além disso, a inspiração, o tema e um bom vocabulário. Também muita leitura (com a devida atenção) de bons sonetos e poesias em geral. E cuidado com a gramática... Quem gosta de expressar livremente seus sentimentos, deve optar pelos versos livres mas, se quisermos fazer sonetos, devemos fazê-los corretamente.

(Eloah borda - Direitos autorais reservados)

Qualquer pergunta a respeito pode ser postada em “comentários”, que terei prazer em responder o que me for possível.

Eloah

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Nota: os antigos mestres sonetistas devem ser muito lidos, para que se possa sentir o ritmo perfeito, mas muito cuidado quando forem poetas portugueses, ou brasileiros que ainda usavam o português lusitano, cuja pronúncia era (e continua sendo, no caso dos portugueses) diferente da nossa, e isso tem que ser levado em conta, assim como suas licenças poéticas nem sempre se adaptam ao português que hoje falamos.

domingo, 5 de setembro de 2010

Era uma vez...















ERA UMA VEZ...

Era uma vez, um coração carente,
já há muito tempo em solidão imerso,
que de viver tão só, já descontente,
deliberou seguir rumo diverso.

Não mais temer de novo amar, somente,
porque o amor já fora-lhe adverso,
mas se entregar de novo, plenamente,
enfim, de um mar de solidão, emerso.

E se entregou, jogou-se por inteiro,
- com um amor imenso, verdadeiro -
para alguém que de amor nada sabia...

E é esse o mesmo coração que agora,
está batendo aqui em meu peito, e chora,
mais triste e só do que já foi um dia.

(Eloah Borda)

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domingo, 22 de agosto de 2010

Noite - Patrícia Neme















NOITE

Silêncio! Os sapos dormem na lagoa,
a lua os cobre com meigo brilhar.
Chora a coruja... E o pranto, longe ecoa...
Os passarinhos voam no sonhar.

O velho rádio, uma cantiga entoa,
os vagalumes correm pra escutar.
A brisa, envolta em jasmim, abençoa
canteiros, gado... E os frutos do pomar.

Em paz profunda, a casa na colina,
um manso cão, água fresca da mina...
O céu se funde ao chão do meu sertão.

Um paraíso... Não fosse verdade,
que meu caboclo , por pura maldade,
plantou saudade no meu coração!

- Patrícia Neme -
http://patneme.blogspot.com/

sábado, 10 de julho de 2010

Caixas do Passado















CAIXAS DO PASSADO

Talvez num surto de melancolia,
eu resolvi rever os meus guardados
e pus-me a abrir as caixas do passado
onde guardei meus sonhos e alegrias...

Cartas de amor, cartões, fotografias,
recortes de jornal, já amarelados
(momentos meus, no tempo congelados),
lembranças do que fui, e tive, um dia...

Lembranças, nada mais (pra quê revê-las?),
são, como a luz de uma já extinta estrela
- uma ilusão, sabendo à despedida...

Estranha sensação, ver tanta vida
assim, tão morta já, fria, silente,
ao alcance das mãos, e tão distante!...

(Eloah Borda)


Talvez goste de ver: Espaço Poesia e Poliantéia