terça-feira, 29 de junho de 2010

E rola a bola...














E rola a bola!

E rola a bola – gritos de euforia,
na arquibancada, vibram torcedores
num misto de ansiedade e de alegria,
com o coração nos pés dos jogadores.

E rola a bola, o mundo, o tempo, a vida
rolam também tristezas, decepções;
rola a miséria, a fome, a violência,
pari passu a negócios de milhões...

E rola o faz-de-conta, a ilusão,
(aqui e lá, é sempre tudo igual),
rolam promessas, rola enganação,
e rola a esmola, o circo, o carnaval...


... e pelos bastidores da nação
vai rolando o desmando e a corrupção...

(Eloah Borda - 28/06/10)



Talvez goste de ver: Espaço Poesia e Poliantéia

sábado, 29 de maio de 2010

Bolha de Sabão

















Bolha de sabão

É hora de acordar, foi lindo o sonho,
mas foi somente meu este querer,
que guardarei nos versos que componho,
enquanto espero o tempo de esquecer.

E eu cantarei, do sonho o encantamento,
as emoções, o enlevo, a inspiração;
da realidade, o desapontamento
de ter, com teu amor, sonhado em vão.

Mas valeu a ilusão, ainda que breve,
qual bela e frágil bolha de sabão,
que num momento voa, linda e leve,
noutro, desfaz-se em lágrimas no chão...

... mas minhas lágrimas transformo em canto,
pois são os versos, desta poeta, o pranto...

(Eloah Borda)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Rua das Expectativas
















RUA DAS EXPECTATIVAS

Na minha Rua das Expectativas,
jardins existem, sempre florescidos,
onde entre lindos Sonhos Coloridos,
vicejam Esperanças Sempre-Vivas.

Em cada esquina, há novas Perspectivas,
pra aqueles velhos Planos desistidos.
Por toda parte, em passos decididos,
abrem caminhos as Alternativas.

Pelos umbrais do casario, somente,
Bons Ventos passam, sopram livremente,
a espalhar Boas Oportunidades;

e nessa rua os meus Sonhos estão,
expectantes, e um dia serão
as minhas mais bonitas Realidades.

(Eloah Borda)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Natal?!















NATAL?

Outro Natal... E a vida continua
igual... Ou bem pior do que era antes...
Na estrada, tanta jovem semi-nua...
Nos morros, manda a voz dos traficantes.

Não poucos, têm por teto a luz da lua...
Nos hospitais, as filas são constantes...
O trânsito é uma guerra, em plena rua...
A paz perdeu-se em mãos dos assaltantes.

Vivemos, da violência, prisioneiros,
por governantes, vis aventureiros...
Jesus renascerá na insanidade?

Êle há de retornar a este mundo,
onde a discórdia habita o mais profundo,
onde inexiste o agir da boa-vontade?

- Patricia Neme -

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Soneto I (Paulo Bonfim)













Soneto I

Venho de longe, trago o pensamento
Banhado em velhos sais e maresias;
Arrasto velas rôtas pelo vento
E mastros carregados de agonias.

Provenho dêsses mares esquecidos
Nos roteiros de há muito abandonados
E trago na retina diluídos
Os misteriosos portos não tocados.

Retenho dentro da alma, prêso à quilha
Todo um mar de sargaços e de vozes,
E ainda procuro no horizonte a ilha

Onde sonham morrer os albatrozes...
Venho de longe a contornar a esmo
O cabo das tormentas de mim mesmo.

(Paulo Bonfim)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Numa Tarde de Chuva
























NUMA TARDE DE CHUVA

Cai uma chuva fina e sonolenta,
dessas que custam...custam...a passar,
e nesta tarde baça e friorenta,
chega até dar preguiça de pensar...

Até minha alma parece cinzenta
- cinzenta e fria... Como versejar
nesta apatia, se o que mais me tenta
é a minha cama, ali, a me chamar?...

Melhor deixar pra lá a poesia
e entre os meus cobertores ir tentar
me aquecer... dormir... talvez sonhar...

- Sonhar com um céu azul de um lindo dia,
onde entre luzes, cores - pelos ares -
revoem versos, rimas e cantares!....

(Eloah Borda-D.A.Reservados)

sábado, 24 de outubro de 2009

Amor-perfeito




















Amor-perfeito
(para AJ)

A mesa posta, em linho e prataria...
As velas... Não! Bastava-me o luar.
Nas taças de cristal, minha alegria...
Com rosas, demarquei o teu lugar.

Vesti-me rendilhada de poesia,
em meu cabelo, estrelas a brilhar.
Fiz do cio da noite a melodia,
para nossos sonhares embalar.

E o tempo foi tecendo seus segundos...
Em doces ilusões, percorri mundos,
onde um amor-perfeito floresceu.

Porém, nunca ocorreu tua chegada...
E agora, alcanço o fim da caminhada
sem conhecer o amor que julguei meu!

- Patricia Neme

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Homenagem a Mercedes Sosa











Mercedes Sosa

Se fue "La Negra", la de voz más bella
que San Miguel de Tucumán nos dio
- la que se hizo la voz de su gente,
voz de su pueblo, "voz de los sin voz".

Voz que se ha erguido contra dictadores,
en tiempos de una dura represión,
cantando la aflicción y los clamores,
de los yugados por la opresión.

También cantó costumbres de su tierra,
cantó el amor, la vida, la esperanza
- emocionando nuestros corazones.

Pero se fue, se fue Mercedes Sosa,
se fue y llevó su voz maravillosa,
para en el cielo aún entonar canciones

(Eloah Borda)

domingo, 4 de outubro de 2009

Soneto em Dor Maior




















SONETO EM DOR MAIOR

O amor que eu me desejo, tem cheiro de alvorada,
tem cor de lua cheia, nas brisas de jasmim...
Amor que me incendeia nos sons da madrugada
e tece com estrelas, os sonhos que há em mim.

O amor que eu tanto espero, tem boca apaixonada,
seu coração galopa por meu começo e fim;
me entrega seus silêncios, su’alma desnudada...
É beija-flor imerso, na flor do meu jardim!

O amor dos meus cantares, de rimas passionais,
é puro qual o orvalho, tão vasto quanto o mar,
não anda por atalhos, seu rumo é só me amar.

Que venha em vôo breve, dos céus dos imortais,
e então a vida eu sinta, com todo o seu ardor...
E olvide a Dor Maior, que jurei, fosse o amor!

Patrícia Neme

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Superação




















SUPERAÇÃO

Chorar por que, se é inútil o meu pranto,
se ele nada constrói, nada resgata,
não cura o desamor, o desencanto,
e os laços do destino ao desata?...

Chorar por que, se com meu verso e o canto,
eu posso amenizar a sorte ingrata
- vestir de Euterpe o irisado manto,
seguir sorrindo, solidária e grata?

Por mais limites que me imponha a vida,
por mais que insista a lágrima contida,
no meu caminho, igual prosseguirei.

Catando o escasso em busca de infinitos,
com os pés magoados, mas os olhos fitos
na chama azul da estrela que inventei...

Téia Borda de Lima

(Todos os direitos reservados à autora)